segunda-feira, 30 de março de 2009

Conquest - new images

Novas imagens do Conquest. No estúdio audioFARM, fotos de Mateus Borges (the audioFARM man himself).

terça-feira, 17 de março de 2009

A “chave ground”

(as nomenclaturas a seguir foram adaptadas para melhor compreensão dos músicos sem atentar contra as definições técnicas e teóricas sobre o assunto)

Na distribuição da rede elétrica que atende nossas casas e palcos de shows nós encontramos uma rede de dois polos (terminais) onde um deles é o "neutro" (com potencial de zero volts) e o outro com o terminal "fase" que é o que carrega o potêncial elétrico (tensão elétrica) que irá alimentar o aparelho. A chave ground possui um capacitor que pode ser escolhido pela chave a ser ligado em um dos terminais da tomada. A posição correta da chave ground, contudo, será a que colocar o capacitor ligado ao neutro fornecido pela rede.
Tal ligação provocará uma ligação de alta impedância através do capacitor que por sua vez colocará o chassis do amplificador referenciado ao lado neutro da rede elétrica.

O capacitor é realmente necessário; sem ele, um potencial voltaico alternado aparecerá no chassis do amplificador. E de fato aparece, caso o chassis esteja referenciado com a chave ground não no “neutro” da rede mas no “fase” da mesma.
Como se percebe isso??
Muitos músicos percebem isto de da pior maneira: quando estão empunhando suas guitarras e vão cantar ao microfone... ao encostar os lábios no microfone recebem um choque elétrico resultante da diferença de potencial entre seu amplificador e o sistema de voz.
A mesma coisa ocorre caso o amplificador esteja referenciado no fase e o músico toca em suas chaves do painel estando com os pés descalços. O diferencial neste caso se dá através da tensão do amplificador encontrando um aterramento através da pessoa.

Como fazer então pra achar a posição correta da chave ground?
Os choques provocados pela tensão não são tão fortes na mão, mas bastante incomodos. Os choques ocorridos através dos lábios (nos microfones de voz) são piores visto a pouquíssima resistência que os lábios oferecem (em comparação com as mãos). Bastante comum se verificar músicos jogando a cabeça pra traz numa reação instintivamente abrupta ao levar um destes choques.
Seria correto utilizar uma “chave teste”:
http://images.google.com.br/images?source=ig&hl=pt-BR&rlz=&q=chave%20teste&lr=&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wi
Esta pequena chave teste acusa os potenciais elétricos sem provocar choques no usuário. Amplamente utilizada por todos que lidam com instalações elétricas, facilmente encontradas no comércio de material elétrico.

Como se utiliza a chave-teste?
A chave teste possui uma pequena lâmpada neon que acende quando a chave entra em contato com uma superfície de potecial elétrico (o metal na parte de trás da chave deve estar em contato com a mão para o correto funcionamento da chave). Instaladores a utilizam justamente para identificar qual fio da rede é o fase.
Pois bem, quando a lampada neon acende, então é indicativo de presença de potencial (tensão), que é o que não desejamos no chassis do amplificador... é então neste momento que utilizamos a chave ground, virando a alavanca da chave para a outra posição e conferindo novamente o chassis com a chave teste. A lampada da chave teste então deverá ter apagado indicando nenhuma presença de potencial (situação segura e desejável).
Para os equipamentos que estão com potencial mas nao possuem chave ground, vc deverá inverter a posição da tomada à rede elétrica (inverter a tomada elétrica).

Ainda assim vc poderá tomar um choque no microfone...
Ora bolas!!! Mas como??!!
Simples... da mesma maneira que a presença de potencial pode acontecer num chassis do seu amplificador pode então ocorrer no chassis do sistema de voz, o que utilizará o amplificador como aterramento fechando também o circuito e dando-lhe um choque.
A mesma situação pode ocorrer entre diferentes aparelhos no palco, por exemplo, o guitarrrista lá pelas tantas pode levar um choque ao encostar-se por acidente no baixo-elétrico ou mesmo no próprio baixista (e neste último caso ambos levarão a descarga) caso os amplificadores de ambos estejam em referencias divergentes (um aparelho ao neutro e o outro ao fase).
A verdade é que todos equipamentos do palco devem ser testados e colocados referenciados ao neutro da rede, para evitar choques com o chão e com os aparelhos entre si.

Vale lembrar que geralmente os valvulados apresentam um leve ruído de “hum” quando seu chassis não está corretamente referenciado ao neutro da rede. Se ao virar a chave na direção oposta e o ruído sumir por completo, então vc saberá que a posição silenciosa é indicativa da posição correta.

Ainda assim, vc pode estar em diferentes pisos onde vc poderá conduzir (ou não) para o chão através dos pés. Um aparelho com potencial no chassis poderá não lhe causar choque no carpete do seu quarto ou no tapete da sua sala... mas poderá causar se levado até o chão de cerâmica da sua varanda, sacada, cozinha, banheiro, etc. Neste caso a condutibilidade do piso é que colabora ou não para a sensibilidade do choque.

É então recomendável que neste tipo de caso os usuários de nunca se proponham a ligar seus aparelhos de pés descalsos

Nos Estados Unidos existiu a obrigatoriedade das redes serem identificadas com o pino fase mais largo que o pino neutro. E somente mais tarde a obrigatoriedade de que todas redes de fornecimento de energia elétrica sirvam a tensão com fase, neutro e mais o “terra” (terceiro pino da tomada que serve de aterramento para o chassis) evitando qualquer situação possível de potencial elétrico nos aparelhos.
Em vários outros países não acontece ainda nem a fase da “obrigatoriedade de identificação de fase”, o que dirá a da obrigatoriedade do aterramento verdadeiro.

Os amplificadores Serrano Amps possuem a chave ground com as duas posições extremas para referenciar o chassis para o neutro ou fazendo a inversão sempre que necessário, mas também possuem uma posição central (que simplismente desconecta o capacitor que referencia o chassis) para o caso de presença de aterramento verdadeiro no sistema de rede fornecido pelo estabelecimento. Neste caso o terceiro pino da tomada tem então sua correta utilização ligando o chassis do aparelho direto à terra. Tenho encontrado estes sistemas em grandes casas e teatros devido às exigêntes especificações dos aparelhos comumente utilizados nestas casas.

Alguns acham erroneamente que a chave ground deveria ser retirada do amplificador. Isso é decorrência de leitura de sites americanos que assim aconselham porque eles possuem (obrigatoriamente) aterramento verdadeiro com terceiro pino na tomada, o que torna a chave ground desnecessária pra eles (e somente para o caso deles). Mas não era assim antes da década de 70 e certamente não é assim até hoje em nosso país e em muitos outros. Não adote conselhos que são baseados em condições diferentes ao nosso país, ok?!

Alguns outros dizem que o amplificador "fica sem ruído em uma das posições da tomada e por isso não seria necessário a chave ground". Na verdade o que ocorre é que estes amplificadores não possuem a chave, mas possuem também o mesmo capacitor de referenciamento na entrada AC do amp, e o fato de virar a tomada é exatamente a mesma tarefa que executa a chave ground, só que de maneira menos prática.


Referências:
David Lamkins “Ground switches and ‘death caps’” October 19 2005


Ps: Em caso de rara ocorrência de redes bifásicas com potencial em ambos terminais, resta ao usuário usar solados de borracha e espuma nos microfones. Geralmente encontradas em instalações clandestinas de 220v aproveitando redes de máquina de lavar, microondas, etc

quinta-feira, 5 de março de 2009

A válvula retificadora

Muito se fala sobre a válvula retificadora e seus efeitos num circuito de um amplificador valvulado de guitarra ou harmônica. Contudo, muitos músicos e "entendidos" generalizam para todos amps os efeitos que em verdade acontecem apenas em alguns determinados circuitos. É necessário, portanto, saber o que faz a retificadora e em que tipo de circuito ela exercerá influências ou não.

A retificadora é uma válvula que recebe uma tensão alternada do transformador de força e a converte em uma tensão de corrente contínua para servir ao trabalho das válvulas do amplificador. Este serviço de transformar a corrente alternada corrente contínua se chama "retificação", e daí o nome da válvula. Estas tensões são altas e antigamente apenas a válvula retificadora poderia fazer este serviço, pois os diodos de silício seriam inventados mais adiante.

Toda válvula retificadora possui uma chamada "resistência interna". Dependendo então da quantidade de corrente que passa pela válvula retificadora, haverá uma queda de tensão fornecida ao circuito do amplificador devido a sua resistência interna. Os circuitos das fontes dos amplificadores são então dimensionados já prevendo a queda que terá a tensão com uma determinada retificadora, para que o circuito receba a tensão desejada ao seu funcionamento dado uma determinada corrente de consumo.

Alguns circuitos (não todos), porém, possuem o que chamamos de "flutuação de corrente". Isto significa que o amplificador estará consumindo uma determinada corrente enquanto está em "repouso" (quando o guitarrista não está tocando as cordas da guitarra), mas haverá uma acréscimo violento de corrente de consumo se o amplificador for exigido até seu máximo de potência. Esta flutuação pode gerar consumo de praticamente o dobro de corrente da fonte. Esta nova corrente de consumo (com o amplificador no máximo de potência) passará pela retificadora provocando uma maior queda de tensão e, por consequência, diminuindo levemente a potência do amplificador devido a esta queda de tensão.

No momento em que a queda de tensão gerada pela retificadora age no circuito de forma proporcional ao aumento de sinal, a consequência natural (e por definição) será uma leve compressão sonora por queda de potência. Em outras palavras, quanto mais se exige do amplificador, maior é a queda de tensão gerada pela retificadora; logo, quanto maior a queda de tensão, menor é apotência de saída.
Tudo isso acontecede forma muito tênue... gerando um sentimento interessante ao guitarrista pois o amplificador tenderá a segurar a potência nos nos ataques em acordes e a se soltar mais livremente nos solos. Também gera um bom "sustain", pois o amp segura a potência ao ataque da corda da guitarra, mas se solta mais à medida que o sinal da corda vai se esvaindo.
Os amplificadores que possuem alta flutuação de corrente são os classe AB que possuem regulagem de bias fixo (bias por negativação de grade de entrada). Como isso não ajuda muito os amigos músicos a saberem que amplificadores são estes, melhor colocar então alguns exemplos de amplificadores com esta topologia:
- em geral, todos amps de 45 à 50w com duas válvulas de power 6L6 ou EL34; entre estes estariam os Fender Bassman (1959), qualquer Marshall com 50w, qq Fender anos 60 com mais de 40w. Amplificadores com válvulas menos potentes também podem ser com esta topologia, entre ele estariam os Fender Deluxe, Blues Junior, Laney LC15, etc.

As grandes indústrias possuem grande preferência pela topologia AB fixo pois estes são os que extraem maior potência de um mesmo par de válvulas. Na linha Serrano Amps os amplificadores classe AB com bias fixo seriam os Victory 45, Victory 35, Conquest e Gladiator.

As válvulas retificadoras não exercem nenhuma função adicional aos amps sem flutuação de corrente. Entre estes amps estariam os classe A. E também os Classe AB com regulagem de bias por catodo (cuja flutuação é existente porém insuficiente para a percepção de algum efeito de compressão por queda de potência)


-Simulação da retificadora

Dito isso tudo sobre a retificadora poderá o guitarrista desejar ter o amp somente com ela...contudo, há aqueles que preferem o "ataque à nota" que tem a retificação solid-state...
ainda assim, uma retificadora poderá ser simulada através do uso de resistores conjugados com diodos...ficando os diodos com a função de retificação e os resistores para simular a resistência interna da retificadora.Exemplo de amplificador com simulação de retificadora: Serrano Amps Conquest
o tipo de retificadora poderá ser simulado mudando-se o valor dos resistores conjugados com os diodos, pois cada tipo de retificadora apresenta diferentes resistências internas.

que tipo de benefício traz a simulação da retificadora?
- o transformador de força não necessitará do específico enrolamento para o filamento da retificadora (que faz o aquecimento interno da válvula para permitir o trabalho dela); menor custo no transformador
- menor consumo de energia, visto que não haverá necessidade de filamento da retificadora
- economia pelo descarte total da válvula e seu correspondente soquete (menor custo ao amplificador)
- maior estabilidade e segurança ao amplificador, pois as retificadoras são extremamente mais propensas a problemas do que os diodos solid-state.

texto de André Serrano
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