sábado, 19 de maio de 2012

histórico dos modelos Serrano Amps


A criação dos Serrano Amps
Os Serrano Amps colocaram no mercado a primeira linha, com modelos definidos, de amplificadores de harmônica no Brasil. Resultado da obstinada busca de André Serrano por soluções em amplificação para a harmônica blues. Esta pesquisa mostrou que existiria um universo de amplificadores a serem explorados na busca pelos diversos timbres de harmônica que se tornaram históricos. Os amplificadores de harmônica são, em sua maioria, circuitos de amplificadores de guitarra que são adaptados para as exigências do trabalho com as harmônicas.
Poucos anos depois a Serrano Amps disponibiliza ao mercado seus amplificadores de guitarra, como consequência natural do conceito de alta qualidade que permeia a Serrano Amps.
A missão dos Serrano Amps é a de manter em linha equipamentos que sobrepujam a qualidade dos produtos importados, resultando como opção inteligente para profissionais e entusiastas de maior exigência.

Os primeiros modelos
No começo dos trabalhos da Serrano Amps foram lançados os modelos “Mighty Tone”, “Killer Tone”, “Tone Revive” e “Harp Emperor”.
Os amplificadores possuíam um visual estilo “tweed design” que tinha painel atrás da alça do amplificador, lembrando o visual dos amplificadores da década de 50.
O Mighty Tone e o Killer Tone eram adaptações de circuitos famosos: Bassman 1959, Pro Blackface (respectivamente). Amplificadores potentes e destinados a palcos maiores, portanto.

Tone Revive
Circuito baseado no Champ dos anos 60, porém com um estágio de potência com uma 6L6GC, fornecendo 12w de potência de saída.
Com um falante de alta eficiência Jensen de 12 polegdas ele se torna o mais “vintage tone amplifier” para harmônica jamais feito antes.
Este modelo tinha controles de volume, agudos e graves. Gaspa Vianna é um usuário de um Tone Revive Tweed Design.

Harp Emperor
O próximo modelo da linha Serrano Amps foi o “Harp Emperor”, que também possuía um visual estilo anos 50 com painel atrás da alça.
Este amplificador, juntamente com o Tone Revive, mudou o cenário de amplificadores no Brasil, pois até então todos amplificadores eram feitos segundo os padrões de circuitos dos anos 60 em diante. A verdade é que os fabricantes em geral abandonaram a “falta de fidelidade” ou “falta de eficiência” dos circuitos da década de 50, sendo que para os timbres clássicos da harmônica a Serrano Amps foi buscar os justamente a simplicidade dos circuitos da década de 50. Nestes circuitos é que reside a essência das sonoridades nas gravações mais famosas da era Chess Records.
O Emperor nasce da junção do estágio de potência vintage do início da década de 50 mas com o pré-amplificador com equalizador de 3 vias estilo anos 60 e torna-se uma estupenda ferramenta de timbre vintage, usada desde sua criação até hoje em dia por famosos gaitistas tais como Diogo Farias, Jefferson Gonçalves, Leandro Ferrari, Ale Ravanello, entre outros. Modelo desenhado com baixo ganho no pré-amplificador, de modo a amplificar essencialmente os microfones estilo bullet de alta impedância.

O controle de tonalidade HTC da Serrano Amps
Os amplificadores da década de 50 utilizavam controles de tonalidade, que por excesso de médios nunca foram muito amigáveis à harmônica (ou pelo menos, não da forma com que eram desenhados para guitarra).
A Serrano Amps cria um circuito próprio de controle de tonalidade onde privilegia a passagem de frequências mais graves, promovendo uma melhor curva de frequências para o propósito de amplificar a harmônica. O novo controle de tonalidade é um sucesso e é batizado de “harp tone control” ou por sua sigla, “HTC”. O circuito HTC continua em uso pela Serrano Amps no modelo “Garage Blaster”. Alguns outros modelos utilizaram este circuito também.

STR
O “super Tone Revive” ou simplesmente “STR”, nasceu da ideia de fazer um amplificador extremamente simples como o Tone Revive mas com potência suficiente para palcos grandes. O STR possui então o mesmo estágio de potência em single-ended porém com duas válvulas 6L6GC em paralelo. O Resultado é o mesmo amplificador com o dobro de potência, mas mantendo a característica single-ended, que é extremamente vintage para a obtenção dos timbres de gaita blues.
É importante saber que os estágios de potência em single-ended necessitam de maiores transformadores de saída (se comparados com amplificadores push-pull de mesma potência), contudo, todo esforço é válido na busca pelo timbre desejado.
Um dos usuários deste modelo é o Flávio Guimarães. Também Diego Orrico, Luiz Rocha, entre outros.

O Mini-head
O mini-head era um desenho específico e bastante diferente, para um cabeçote de pequenas dimensões. Foi destinado aos modelos Tone Revive e Super Tone Revive.
Existiu um mini-head que se chamou “Classtone”, e foi um amplificador protótipo que tinha o circuito experimental do “Classman”.
A Maioria dos amplificadores STR foi montado em modelos tipo minihead.

Classic
Painel estilo tweed design com circuito 5F6-a (bassman 1959) com 2x10 Jensen c10q

O novo visual com o painel frontal
Em determinado momento a Serrano Amps passou a fazer amplificadores com painel frontal.
Tone Revive, Emperor ganharam então novo visual, com chassis horizontal, portando o painel na parte fronta dos amplificadores. Os maiores benefícios deste tipo de painel (em comparação com o estilo tweed) é a menor propensão a sujeira, maior proteção contra acidentes com líquidos, visual frontal com mais elementos, maior facilidade de construção do circuito, maior facilidade de alterações, modificações, experimentações.
A implementação do controle HTC para o Tone Revive se deu justamente na mudança do painel estilo tweed para o painel frontal.

Duke (custom)
Idêntica arquitetura do Tone Revive, porém com uma válvula de potência 6V6 dando 6w de potência de saída. Toyo Bagoso é o gaitista usuário desde amplificador.

Supreme
O “Supreme” foi a versão de guitarra para o Emperor. Um amplificador de guitarra que mantém o pré-amplificador ao estilo anos 60, porém com um estágio de potência de alta dinâmica da década de 50. O guitarrista do John Mayall optou por este amplificador durante a passagem de som no teatro do Sesi em Porto Alegre.
O Supreme é portanto um amplificador diferente dos outros em vários sentidos. Sua arquitetura lembraria algo um Vox AC30 adaptado ao uso de um par de 6L6.

Prince
Modelo de dois canais, sendo um com volume e tone estilo guitarra anos 50 e outro com volume e tone HTC para harmônica. Estágio de potência igual ao Emperor com 30w. Dedicado exclusivamente aos timbres do início da década de 50.

Victory
Modelo de guitarra mais famoso na linha Serrano Amps. 45w.
Possui o consagrado circuito 5f6-a, em um painel frontal.
Feito em combo 1x12 ou 2x12 ou em cabeçote com caixa 1x12, 2x12 ou 4x10.
Mais detalhes e demos do Victory neste link:
http://serranoamps.blogspot.com.br/2010/07/victory-45.html
O Victory pode ser feito nas seguintes opções:
2x6L6GC 45w
2xEL34 45w (estilo JCM800 de 1981)
2x5881 com retificadora 5U4 (40w, estilo 5f6-a original de 1959)

Victory SE 12
Amplificador com o mesmo pré-amplificador e painel do Victory, porém com uma estágio de potência “Class-A” em single-ended com uma só válvula de potência 6L6GC fornecendo 12w de potência de saída.
Amplificador de proposta ampla e perfeito para pequenos palcos.

Victory 90
versão de 90w do Victory
feito somente em formato cabeçote

Centurion
versão para o Victory com 22w, duas 6V6GT.

Serrano 18 e Serrano 36
Amplificador de dois canais de entrada, com volume e tone independentes. O circuito é simples e o amp é estilo “plug n play”.
Estágio de potência idêntico aos antigos Marshall 18.

Classman 12 e Classman 25
Um sucesso total para os amplificadores de harmônica.
Trata-se de um pré-amplificador do circuito 5f6-a (bassman 1959) com um estágio de potência do Tone Revive (single-ended 12w sem loop de negativação). Extrai timbre de harmônica blues com a maior facilidade, e seu pré-amplificador lhe dá grande versatilidade para timbres e para uso com diferentes tipos de microfones. O circuito do Classman é projetado para duas válvulas de pré-amplificação, sendo uma de alto ganho e outra de baixo ganho, o que dá margem ao usuário poder ele mesmo aumentar ou diminuir o ganho de seu amplificador através da simples troca de válvulas do pré, mudando assim a atitude do amplificador conforme seu desejo.
Existem vários usuários de Classman, mas o primeiro Classman 12 foi para Tiffany Harp.
O Classman 25 possui o mesmo estágio de potência em single-ended do STR. A nova versão, o “Classman 25 OD”, possui também uma ajuste de potência progressivo, que vai desde 12w até 25w conforme necessidade de volume no palco. Tantas características exclusivas tornam o Classman o amplificador mais exclusivo e mais singular de todos fabricados no mundo.

Linha Optimum Design
A linha optimum Design, ou “OD”, foi uma inovação de layout dos amplificadores. A principal característica foi a minimização de espaço interno.
O descritivo completo pode ser visto neste link:
https://sites.google.com/site/serranoamps/Home/odesign
Na linha Optimum Design alguns do já consagrados Modelos foram editados também neste layout. Seriam estes o Emperor, Supreme, Serrano 18, Classman 25 e o novo Monarch e o Super Duke (este último sendo igual a um Duke, mas com dobro de potência)

Monarch
Amplificador com circuito idêntico aos ”blackface”
Dedicado aos guitarristas de timbres limpos, tais como jazz, blues, swing, rockabilly, country, etc
Uma amostra do Monarch em ação em uma das edições do maior festival de blues da América do Sul neste link:
http://serranoamps.blogspot.com.br/2011/05/monarch-no-palco-principal-do-3-moinho.html

Conquest (custom)
Amplificador idêntico ao Monarch, porém com um canal adicional com controle de volume e tone ao estilo anos 50.

Legionnaire
Versão de 15w (com duas el84) para o Monarch. Descontinuado.

Lord 12
versão de 12w (com duas 6V6) para o Prince. Descontinuado.

Super Duke
Com duas 6V6, idêntico timbre do Duke, porém com o dobro de potência.

Linha Rat Rod
Uma linha diferenciada de amplificadores de acabamento de menor custo, porém com a mesma qualidade de montagem Serrano Amps. A linha Rat Rod apresenta também acabamento diferente, também visando melhor preço de venda aos iniciantes.
Garage Blaster => mesmo circuito do Tone Revive, porém com falante nacional.
Sniper => modelo com pré-amplificador 5f6-a e estágio de potência de uma válvula 6L6GC com loop de negativação. Saiba mais sobre loop de negativação neste link:
http://serranoamps.blogspot.com.br/2010/09/loop-de-negativacao-do-estagio-de.html

Serrano Unique
A Serrano Amps também constrói alguns modelos completamente exclusivos.
São modelos únicos, seja em acabamento ou em circuito, sendo que alguns deles de criação totalmente própria de circuitos.
Por serem criações exclusivas Serrano Amps são intitulados como pertencentes a linha “Serrano Unique”.
Veja alguns Unique amps neste link:
https://sites.google.com/site/serranoamps/serrano-unique

quarta-feira, 9 de maio de 2012

6L6GC, 5881, etc


As válvulas 5881 e 6L6 são diferentes, embora, da mesma “família”.
Em verdade, a 5881 pode ser considerada como um tipo de 6L6, e para poder explicar a atitude da 5881 é necessário explicar o histórico das 6L6.
Ao contrário da maioria das outras válvulas de potência, a 6L6 tem um histórico de upgrades que foram basicamente incrementos da capacidade de potência e/ou dissipação. O resultado disso é uma série de válvulas de atitude similar, porém dedicadas a circuitos diferentes devido aos parâmetros e limites particulares de cada uma delas. Segue abaixo os modelos das 6L6 ao longo dos anos. Pra a melhor compreensão do histórico, foram colocados apenas os modelos mais significativos  (os outros modelos foram omitidos do texto por serem de pouca ou nenhuma expressão).

As primeiras 6L6 - as “metal jacket”.
Imagem:  http://www.eifl.co.jp/index/tube/image/rca_6l6_03.jpg 
datasheet: 
 http://scottbecker.net/tube/sheets/121/6/6L6.pdf 
18,5w de dissipassão de placa
Possuíam apenas 18,5w de tolerência para dissipação de placa, conforme datasheet da Sylvania.
Isso significa que ela aguenta o máximo de 18,5w de dissipassão para o exercício de seu trabalho. (esta dissipação de energia é controlada por um ajuste que chamamos de “ajuste de bias”, ou simplesmente “bias”).
A dissipação de placa é uma margem de tolerância da válvula, e não a sua potência de saída em um amplificador. A potência de saída vai depender do tipo de circuito utilizado.

6L6G
datasheet:
http://www.retrovox.com.au/STC6L6G.pdf
dissipação de placa de 21w máximo.
imagem:  http://www.r-type.org/pics/aaa0107.jpg

Curiosidade: “G” seria para definição “glass”, diferenciando da antiga “metal jacket”

5881
http://www.drtube.com/datasheets/5881-tungsol1962.pdf 
dissipassão de placa de 23w máximo

6L6WGB
http://www.drtube.com/datasheets/6l6wgb-tungsol.pdf 
dissipassão de placa de 26w máximo

6L6GC
http://www.pentalaboratories.com/pdfs/6L6GC.pdf
dissipação de placa de 30w máximo.

Além da dissipação de placa outros parâmetros também aumentam ao longo do histórico da 6L6, tais como dissipação de grade e tensões limites para placa e grade também. Em verdade são características que fazem parte do parâmetro geral de cada upgrade.

As 6L6 GC então são mais potentes?
Sim, elas podem servir em circuitos dimensionados a ela com atingimento de potências maiores. Mas para isso o circuito deve prever os elevados parâmetros de trabalho da válvula.

Qual a diferença entre elas no amplificador de guitarra?
As válvulas menos potentes vão produzir os seus harmônicos necessitando sinais de entrada menores. Contudo, válvulas menos potentes podem não serem compatíveis ao circuito de determinado amplificador se este possui tensões ou correntes elevadas destinadas ao trabalho com as 6L6GC.
Em alguns casos o amplificador possui tensões onde seja possível a instalação de válvulas de menor potência, se a busca for por timbres mais limpos explorando estes timbres do estágio de potência.

Porque o timbre das 5881 fica mais bonito no amp “X” do que as 6L6GC?
Se o amplificador X possui tensão que admite o uso das 5881, ele provavelmente estará trabalhando com tensão alta, mas com menor corrente, para ajustar à dissipação das 5881. O trabalho do estágio será em classe AB extraindo mais harmônicos delas. Já ao ajustar o amp para as 6L6GC ele abaixa a tensão final por permitir maior corrente de trabalho, o que leva o estágio a trabalhar mais em direção ao classe A do que o classe AB, mudando então os harmônicos resultantes para um padrão menos desejado em amplificadores push-pull para guitarra.
Isso não quer dizer que as 6L6GC não possam extrair o mesmo tipo de harmônicos, mas para isso será necessário um outro circuito/amplificador que permita as 6L6GC trabalharem com tensões mais altas (maior sinal de entrada será exigido também).

E como as 6L6 GC dão aquele timbre limpo nos amplificadores estilo década de 60?!!
Simples, elas recebem um sinal enorme para poder chegar a estes timbres.
Por isso que a válvula que as alimenta é em geral uma 12AT7, que ao contrário da 12AX7, aguenta um forte sinal de entrada, podendo assim fornecer um fortíssimo sinal limpo para as 6L6GC.

O meu amp pode receber um par de 5881??  sem atentar contra as válvulas?!
Somente através de medição para saber (exceto em casos já conhecidos).
Em amplificadores que possuem retificadora 5AR4 com um par de 6L6GC podem geralmente migrar para retificadora 5U4 (com maior queda de tensão) permitindo um par de 5881.

Conclusão
São válvulas muito parecidas e que causam uma certa confusão justamente por terem parâmetros de trabalho extremamente próximos, permitindo aos usuários que experimentem um par ou outro.
O “x” da questão é que o amplificador tem seu parametro de trabalho conforme seu circuito...   pode ser muito alto para uma 5881...   pode ser muito baixo para uma 6L6GC...    no final das contas o melhor é buscar qual par de válvulas trabalha a pleno conforme o circuito do amplificador, para dele se extrair o mix de harmônicos com a nobreza que se espera.

Ainda...
em muitos circuitos existe a possibilidade de alteração pra que você possa abaixar a tensão, habilitando ele ao uso de válvulas da família 6L6 de menor potência.